PUTA
Já corri todas as ruas e vielas procurando por ti,
entre a cinematografia dos saltos altos ensurdecedores
para afastar o frio das minhas quatro paredes.
Encontrei sombras fúteis do álcool no silêncio,
olhos gastos pelo sal das lágrimas das mães de quem foram
abandonados como tu pelas mãos do vicio policromo dos neons,
gastos os queixumes e as pedras encardidas das esquinas
em esperas inúteis sabendo que o amor não nasce ali…
Procuro nas algibeiras a tua foto sirénica que guardo
dos tempos em tínhamos tanto para dar um ao outro
era como se todos os vácuos não fossem plebeus
na noturna consciência da inconsciência do teu corpo.
Brincavas com meus olhos cor de azeitona dizendo que brilhavam.
E eu acreditava na fonia doce e inocente,
da mesma forma que acreditava que todas as partes carnais da terra,
se fundiam no nosso amor…
Pobre vaidade a minha!
Os segredos deixaram de ser pontos inconcebíveis à minha consciência,
ao lembra o tempo em que o teu corpo era meu vasto olival
entre a fronteira do amor e a paixão os meus olhos
eram realmente azeitonas brilhantes...
Hoje são apenas olhos envenenados pelo desgosto
em que pouco é verdade a não ser a saudade
do tempo que meus olhos penetravam os teus.
Gastei as palavras desejando que tuas vielas fossem vitrais sem ruinas
onde antes dizia meu amor choro agora…puta!
Os olivais tem agora árvores estranhas em mim
encardidas pelos fumos dos escapes e expostas pelos neons…
Silêncio! No beco onde uivam selvaticamente vagabundos urbanos
escuto agora teus passos…
Murmuro teu nome…bem baixinho
no silêncio do meu coração….
Não tens já nada para dar e o mar entra pelos meus olhos dentro
afogando as palavras que tentava unir para te chamar…
As palavras foram gastas….nas esquinas onde vi escrito…
Puta…
Robert
Sem comentários:
Enviar um comentário