Meu primeiro amor
Foi à muitos e muitos anos atrás, numa tarde soalheira
que recebi teu bilhete para ir ao jardim,
o mesmo que ainda tenho amarrotado na algibeira
amargurado por teres partido sem te despedires de mim.
Lembro-me de ter corrido pela calçada descalço,
e tu pelo vidro do velho Mercedes olhavas para trás,
cansado deitei-me no chão de amor ferido a cada passo
que corria desesperado ao ver que me fugias sem paz.
Seu rosto estava completamente lagrimado e não se movia,
embaciando a vidraça onde a tristeza estava encostada,
até que o horizonte te engoliu e nosso grande amor se perdia
no Mercedes preto que desaparecia na curva da estrada.
Hoje quando olho para o pequeno bilhete amarelado
sinto-me completamente impotente e baixo os olhos meus,
triste por saber que este destino meu…duro e malvado
aquele que te deixou partir sem me dizeres adeus!
Chove copiosamente enquanto caminho e a chuva é fria.
Noite é dia e o dia contém meus sonhos mais distantes
onde minha Primavera se foi e só o inverno principia
na dança em que só as noites gélidas são como dantes.
Sentado ao redor do lume escrevo estradas de palavras sem fim,
palavras soltas…gritadas e todos se exceção ficam a olhar...
Todos não, porque todos já não existem em mim
onde apenas há vazio da saudade e solidão de um lugar.
Esse lugar era o teu! Ah...é o teu…o sonho também erra,
aquele sonho lindo que ninguém mais preencheu,
o mesmo que entreguei minha vida aqui na terra,
mesmo sabendo que era apenas mais uma estrela no céu.
Robert
2 comentários:
Lindo, Robert! Só não vou chorar porque a vida é muito generosa comigo e surpreendentemente trouxe de volta meu grande amor, que hoje acredito, verdadeiro só há um. Adorei! Um abraço!
o primeiro amor a gente nunca esquece... bjsssss
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