A Primavera era escrava


A Primavera era escrava

Vi-te escrava e triste, completamente nua
Isaura de beleza casta como a doce Eva
na senzala onde sorris entre o peso da corrente
de impura insensibilidade para com a beleza que flutua,
no corpo…na alma do chicote que crava
nas feridas expostas à água de torrente...

Nasceste Eva linda escrava adolescente,
agora esplendorosa mulher com reflexos de lua
que apaixonas meu ser com a cor da aurora..

Amor escravizado que em mim enflora...
Desflorada e maltratada por tanta gente...

Nesse teu corpo suado da eira poeirenta,
o mesmo que nunca bem ou mal eu toquei...

Entre os perfumes Franceses sempre te abracei,
escondido da senioridade…mas abracei-te …sim…de leve...

Foi todo quanto meu desejo me deve
apesar da cobardia de gritar que no abraço te amei….

Linda escrava estou sem asas em pleno voo,
as mesmas que a paixão me doou…

Ahhh…enfrentarei a chibata e liberto-te como sonhei!



Batalha de amor que por ti talvez trave,
escrava…mulher e criança,
vejo tua beleza …nua…plena como a pluma suave
abraçando nossa paixão numa apertada dança
dos rouxinóis enamorados no ramo de árvore
que em mim o vento beija e balança…

Mulher…mãe…não és mais escrava és esperança,
minha e de todas as escravas que não conhecem o sonho
atadas no poste em temporal medonho…
silvando o vento entre o cinismo e puro agoiro…

Solta o teu cabelo…dá-me o teu coração de oiro…

Afrodite ou amazona de corpo fino,
sensual…doce… delicado,
sereno mas amedrentado e sem desejos...
Ahhhh…Dou-te Beijos... Beijos... Beijos...

Agora que és livre devolve o meu sono
do qual já não sou dono e a ilusão flutua
em cada beijo e em cada passo...

Agora vejo-te Primavera, mulher completamente nua,
pintamos nosso amor no pleno espaço
onde és Primavera e eu outono...

Tu és cor…luz…mulher
e eu? O que faço?

Serei escravo deste amor até morrer
voa se queres….a liberdade é sua...

Robert

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