Vida

Vida

Sensualidade feminina que sonambulamente

chamo de vida entre os passos de cada dia

rítmicos e vaidosos sopros de ilusões nuas

e paraplégicas do sonho fatal, sonho de amor

e vontade de viver….

Viver cada movimento da poesia e do teu corpo

entre asas , papiros, suspiros…desejos

incrementados nos poros das palavras

que encrespam os nervos dos relógios acelerados

em pura alucinação poética, onde escrevo…Vida..

Lutada, sofrida, cantada, chorada e amada,

escrita, beijada nos teus braços, no teu colo

nunca te alcanço e prevejo viver de ti

o suplício de um destino à muito traçado…

Envelheço...cresço…morro…contemplo-te

virente na pura mocidade em que vives

sem oscilação da tua feminilidade

de ancas fecundas que beijo firmes e virgens

e dilacero os pensamentos impuros e sem fé

rasgando o peito de cima a baixo

para inserir o amor de ti minha vida.

Sensibilidade dos véus rasgados em tom abjeto

no roçar dos espinhos que pariste cega

minha carne dorida de viver em solidão.

O tempo é-te fiel e submisso!

Faz-te passar e não te alcanço minha vida...

Caio de borco sem forças e sem ar

afogado no lodo...contabilizando sentimentos

ao vento da noite fria, vento forte e ateu,

zombaria insultuosa….saudade de ter força

para avistar-te…vida!

Não tenho medo mas grito…grito alto…bem alto!

Os fanáticos ecos assassinarão a solidão

do meu grito mudo em ti…vida…

De que serve ter a bússola?

Saber onde fica o sul e o norte

que me envolvem e me esmagam…

Maldita sejas minha vida!

Antes sejas deserto, sede…do que vida sem amor!

Robert